"A Arte é um amadurecimento, uma evolução, uma ascenção que nos torna capazes de emergir da escuridão para uma luz fantástica." Jerzy Grotowski


sábado, 16 de julho de 2011

PERFORMANCE: "MAN-CHÁ" - dias 16 e 22 de Julho de 2011 na Casa de Cultura Mario Quintana

   Performance MAN-CHÁ, criação de Mariana Konrad, com Cibele Donato, Lara Sosa e Michele Zgiet.
   A performance foi realizada nos dias 16 e 22 de julho de 2011 na Casa de Cultura Mario Quintana.

   Sobre a performance:
Performance artística, envolvendo conceitos das artes visuais, teatro, poesia e dança. Uma intervenção do grupo n.a.i.p.e concebida pela artista visual Mariana Konrad na Travessa dos Cataventos da CCMQ. Man-Chá é uma ação realizada por um grupo de mulheres investigando períodos e ciclos do universo feminino. Um ritual de chá que se inicia após o primeiro reverberar do instrumento japonês, gongo. O desenrolar da performance ocorre por meio da comunicação em gestos dessas mulheres com tecidos amarrados em seus braços, o movimento da tinta que se espalha, as formas que se apresentam. Reflexões sobre as marcas deixadas num período de transição. As dores no nosso ventre. No ventre da terra.


Foto de ZeZé Carneiro

Foto de ZeZé Carneiro

Foto de Adriana Donato

Foto de Diogo Abelin


Foto de Adriana Donato


Foto de Diogo Abelin


Foto de Diogo Abelin


Foto de Diogo Abelin



Divulgação
 


O poema:


Man-chá

Um ritual de chá.
O que nos é servido escapa.
Aos poucos...

Marca.
Aos poucos...

Acumulando gotas.
Segurando nos braços o peso.
Sustentando.
Marcas vermelhas na altura do ventre.

Sangra.
Aos poucos...

Desatamos os nós
Até retirar todas as marcas.
Aos poucos...

Deixadas no chão
Como pegadas
Aos poucos...

O ventre, a terra, a base estremecia.
Aos tremores constantes que nos invadem.
As fortes águas que levam embora sem pedir passagem.

Um grito silencioso em gestos.

Mariana Konrad




Um trecho de um texto de Mariana Konrad sobre o trabalho:

"A partir deste poema, veio a idéia de construir uma ação que revelasse essa sensação de se permitir sangrar. A consciência dos ciclos.
Ao longo de minhas pesquisas e experiências, a mancha sobre tecido foram materiais de linguagem e estudos.  Neste trabalho, as gotas vermelhas sobre o tecido branco formam a essência do Man-Chá. Imagens que permeiam o inconsciente coletivo, o sangrar do nascimento, dos ciclos menstruais, da primeira relação sexual, do parto, da morte.
No livro Mulheres que correm com lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem, Clarissa Pinkola Estés analisa no conto da Mulher-esqueleto estes ciclos:


“Através dos seus corpos, as mulheres vivem muito perto da natureza da vida-morte-vida. Quando as mulheres estão em pleno uso de sua mente instintiva, suas idéias e impulsos no sentido de amar, de criar, de acreditar, de desejar, nascem, cumprem seu tempo, fenecem e morrem, para renascer mais uma vez. (...) A partir da sua própria carne e de seus próprios ossos, bem como dos ciclos constantes de enchimento e esvaziamento do vaso vermelho do seu ventre, a mulher compreende em termos físicos, emocionais e espirituais que os apogeus têm seu declínio e sua morte, e que o que sobra renasce de um jeito inesperado e por meios inspirados, só para voltar ao nada e mais uma vez retornar em pleno esplendor. (...)”"

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